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Image by Christopher Ott


Você se considera uma pessoa ansiosa?

     A resposta para essa simples pergunta normalmente revela detalhes muito interessantes a respeito das
pessoas.
     Diferentes abordagens dentro da Psicologia costumam tratar a Ansiedade de diferentes maneiras. Nesse artigo eu gostaria de explicar a você, em um texto curto, de maneira simples e direta, o tratamento o qualconsidero mais eficaz para os transtornos e problemas relacionados à Ansiedade, e que, talvez, essa terapêutica faça sentido para VOCÊ, que pretende CONHECER E TRATAR AS RAÍZES DA ANSIEDADE, e não apenas usar paliativos para amenizar os seus sintomas, e não tratá-la de fato.
     Primeiramente, gostaria de explicar, de forma breve, o que é a Ansiedade: Uma experiência emocional e física que vivenciamos quando acreditamos que estamos na iminência de entrar em contato com algo que julgamos “perigoso”. A ansiedade patológica surge quando interpretamos as vivências do nosso dia a dia como situações potencialmente perigosas, e sentimos como se estivéssemos diante de perigos reais, enormes, mesmo que de fato elas não sejam.
     Sentir-se ansioso (apreensivo) diante de dificuldades no trabalho, em conflitos no relacionamento, antes de uma apresentação, de um encontro, uma prova importante, de um teste para tirar carteira de habilitação são sentimentos absolutamente normais. Faz parte do bom senso até termos certo receio, certa ansiedade diante de animais peçonhentos como cobras, escorpiões ou mesmo algum medo de caminhar sozinho (a) em um lugar sabidamente perigoso. Entretanto, porque afinal alguém ficaria extremamente ansioso, a ponto de passar mal, desmaiar, ter taquicardia, enjoo, afetações intestinais, problemas de pele, quedas de cabelo, não conseguir dormir antes de apresentar um trabalho ou fazer um exame de direção?
     Creio que a maioria das pessoas concorda que, em regra, fazer uma prova na faculdade ou um exame de direção, apesar de não ser fácil, não são situações de extremo perigo, as quais trariam risco real à vida da pessoa envolvida. Qualquer indivíduo com relativa capacidade de discernimento seria capaz de perceber que essa ANSIEDADE É DESPROPORCIONAL à situação vivida, marcada por um certo excesso.

     Pode acontecer ainda de ficarmos ANSIOSOS SEM SABER O PORQUÊ. A pessoa simplesmente acorda no meio da noite com taquicardia, sente uma angustia, um mal estar, uma dor no peito, chega a ir ao médico para verificar se é algo no coração, como um infarto ou coisa do tipo e acaba tendo a notícia de que “seu coração está ótimo, você sofreu uma crise de ansiedade”. Estes poderiam ser um dos exemplos de ansiedades INCONSCIENTES, que são uma espécie de “Ataque interno”. Não sabemos ao certo quando e nem como vem, e não conseguimos explicar facilmente o porque ela acontece.
     Grande parte das terapias ajuda o paciente a discernir, NO ÂMBITO DA CONSCIÊNCIA, quais são os elementos provocadores de ansiedades (trabalho, relacionamento, expectativas, outros), e questionar a realidade destes pensamentos, como: “já pensou que você pode estar catastrofizando essa situação?” ou “quais elementos racionais você tem para acreditar e manter essas crenças?”
     Na Psicoterapia Psicanalítica, além destes elementos mais óbvios e consciente, paciente e o analista (Psicólogo) buscam compreender QUAIS OS ELEMENTOS INCONSCIENTES ESTÃO LIGADOS À ANSIEDADE Patológica.
     Tendo em vista os exemplos dados acima, cremos que “a prova”, “o teste de direção” em si não são os verdadeiros e principais motivos da ansiedade. Sabemos que a pessoa reprovada em um exame de direção, em regra não vai m0rr3r por causa disso; nesse sentido, acreditamos que essa pessoa na verdade não tem medo do exame de direção em si. Passar pela situação de exame, de teste, age sobre esse sujeito como um “gatilho” que provoca ansiedades daquilo que REALMENTE a pessoa têm medo. Explico com um exemplo: imagine alguém que teve problemas no relacionamento com um pai muito autoritário, severo, agressivo, desde a infância; essa pessoa pode ter nutrido afetos de amor e ao mesmo tempo ódio por esse pai, que porém não tenha tido espaço para expressar esse afeto do ódio nessa relação, pela postura autoritária e rígida desse pai, sentido-se OBRIGADA A REPRIMIR esse sentimento, e não consegue enxergar que, eventualmente, desejou mal a essa figura paterna, e não suportou manter em si SENTIMENTO AMBÍGUOS em relação ao próprio pai (afinal um bom filho deve armar os pais, independente do que aconteça). No presente desta situação fictícia, ser observada por alguém enquanto executa a direção de um veículo, sendo avaliada, julgada, pode trazer a tona os sentimentos outrora recalcados, e esses sim causam grande angústia, ansiedade nesta pessoa.
     Outro exemplo, de uma pessoa que sente um medo, uma ansiedade excessiva de fazer uma apresentação de trabalho (o que não seria racionalmente tão razoável), caso que poderia ser explicado por alguém que tenha sido excessivamente reprimido ou até mesmo ridicularizado quando expressava seu desejo natural de se exibir, seja dançando, fazendo alguma brincadeira, exibindo o corpinho nu (uma reação normal de crianças pequenas). A apresentação de um trabalho poderia evocar nessa pessoa, de maneira inconsciente, a angustia, a repressão que ela viveu em algum momento de sua história, e essa apresentação de trabalho, no presente, seria um mero “gatilho” para o desencadeamento desta ansiedade do passado não devidamente resolvida.
     Nesse sentido, na terapia Psicanalítica, o analista ajuda o paciente a identificar não só as causas racionais e mais óbvias de seu mal-estar, mas também as causas inconscientes, onde, ao falar, revisitar suas relações, ao contar os seus sonhos, suas fantasias, seus sintomas, o paciente revive situações, tem lembranças, recorda-se como se sentiu em determinado momento, lembra-se das falas das figuras que lhes foram importantes durante a formação e desenvolvimento de sua personalidade, de como elas o marcaram e vai associando livremente as relações causais e afetivas, possibilitando ver situações antigas por outros ângulos e, ao tomar consciência e integrar estes afetos não reconhecidos, podemos não sofrer mais por esses sentimentos, ficando a pessoa cada vez menos ansiosa, aceitando quem de fato somos e o que podemos vir a ser.

Breno Silveira Mendes - Psicólogo

CRP MG 04/54939

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© Breno Silveira.

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